As quatro estações

Mesmo vivendo em minhas memórias
vejo que continua morta.
Por acaso escapaste do papel
para procurar o céu?

Apesar do que já é passado
amanhã será outro dia desbotado
sem ter você ao meu lado.
As flores por você tocadas e percorridas
pelo vento de outono são levadas pela brisa.
Brisa que sopra e sopra
e na alma ameniza...
a colheita das vidas.

As rosas que um dia já foram o seu perfume
hoje estão sobre pálidas lápides sem expressão
metamorfoseadas em buquê contemplador vidrado.
Sonhos e mais sonhos no mar da esperança
são congelados e afogados
pelo temporal de inverno
de seu frio coração que invadiu a chama da lembrança
e apagou-a, deixando-me em repleta escuridão.

A tempestade passou.
E pelo arco-íris de uma visão o pombo da paz traz
acompanhado pelo cantar de pássaros que a primavera é presente.
É tempo de reconciliação.
E nessa harmonia espiritual invades a minha mente
e eliminas o que mais se sente:
o desprezo.
Vamos juntos de mãos dadas caminhar pelo nosso futuro rumo ao infinito...rumo à nossa união.

Pelo calor de um dia de verão realizado
raios reluzentes agora me reencontram.
Olho para cima sob este fundo azulado
e enxergo que ainda há muito mais para ser amado.
Bebo dos seus rudes meigos cálices cheios de amor
a cura da minha perfeição:
a solidão.
E sinto em meu corpo.

Ô antídoto, cura do meu veneno mortal sagaz.
Expelido de sua boca,
penetrado em minha língua
e em meu sangue invadido.

Ô sagaz mortal veneno que cura antídotos.
Que me leva a crer que estou curado.
O final do início junto com o início do fim se aproximam
e eu por ele sou conduzido.
E por mais que eu fuja eu continuo andando em círculos
voltando ao mesmo ciclo.

O tempo não perdoa
e muito menos a vida.
E pelo vento
a vida levou o tempo...
e se foi.