A decisão
Certa vez um grupo de amigos resolveram marcar para se encontrar em um lugar inusitado: o mato.O motivo: a busca por novas experiências e um maior contato com a natureza.
Eram cinco amigos, sendo três rapazes e duas moças.Dos cinco havia um casal.O resto era a primeira vista apenas amigos.
No caminho, acabou que um que tinha se deixado ficar para trás chamou a sua amiga para irem por novos caminhos.
-Ué!Mas assim de repente?-exlamou surpresa-E os outros?
-A gente vai se encontrar no caminho...cedo ou tarde as trilhas conduzirão a mesma destinação-e pegando-a pela mão adentraram no mato.
Não podia esconder a sua felicidade.Tudo estava de acordo com o plano: desde a ideia de um encontro em um lugar estranho até ao momento presente.
-Você vê...- e fez uma longa pausa-é para isso que eu quis marcar aqui no mato- e apertava a sua mão, sentindo a pulsação fluir pelas veias-você já reparou o formato dessas árvores?Casca dura que nem a barreira que nos separa-e mexeu em seus voluptuosos cabelos-cujos caules tortuosos são tão imprevisíveis quanto o caminho de nossas vidas.
-Mas e eles?-tinha o grave defeito de se importar com os outros.Não que fosse ruim...
-Mais tarde a gente se encontra com eles.Simples assim.Agora venha- e a conduzia para uma elevação toda incrustada de grandes pedras.O plano era o seguinte: após chegarem ao cume iria falar do horizonte e declararia seu amor para ela que provavelmente todos já sabiam, inclusive ela própria...e esperava receber o mesmo.Quer dizer: era ceteza que ela esperava o mesmo dele, caso contrário, pela sua natureza teria sido a primeira a recusar o passeio.
Após alguns esforços ao ajudá-la chegaram ao cume tão distante e agora palpável e ele pegou uma flor que parecia pelos e foi dizendo:
-Sabe...-e foi logo colocando carinhosamente a flor em seus voluptuosos cabelos cheirosos- há tempo que planejava esse encontro para declarar o que meu coração sente por você-e apontou ao horizonte enquanto olhava-a nos olhos e sentia que ela estava ansiosa pelo presente momento que viria-agora vejo que olhamos juntos na mesma direção...o mesmo horizonte-e pegou-a pela mão chegando a seus ombros, pescoço e cabeça e encostou seus lábios nos lábios dela.
No breve momento que parecia uma eternidade de tão divino ela olhou para o horizonte e o afastou dizendo-lhe:
-Olha só isso, meu amor-estava um belo pôr-do-sol-parece que estamos em sintonia com a natureza.Parece que o divino está conosco-e sorriu, logo ela que não acreditava em nada metafísico.
-Calma menina-disse rindo ao ver que ela palpava minha virilha-é só o cinto-e deixou que ela pegasse.
-Você é todo meu-disse o enrolando com o cinto-meu!-rindo suavemente, porém angelicamente até o momento em que o céu esbravejou...aves os rodeavam.
-Nossa!-disse ele-nunca vi tantas aves assim juntas- surpreso- o que será que vieram fazer aqui?-sua mulher sem perceber deixou o cinto cair e foi se afastando assustada, até que tropeçou em uma pedra e gritou.
O homem gritou junto.Ao procurar a sua mulher ao redor e nada achar.Onde ela estava?Teria sido tudo uma ilusão?Tudo aquilo?Estava tudo muito perfeito para ser verdade!Estaria ele sonhando um sonho que vira pesadelo?Estava tudo tão perfeito...-pensava.
-Me ajude-nisso ele correu a beirada e a viu segurando-se num caule que cismava em se romper-Rápido!-imerso em suas dúvidas e cheio de medo o menino procurou o cinto.Onde estava o cinto?!Onde?!Provavelmente somente com o cinto seria possível salvá-la...
-Faça alguma coisa-dizia chorando.
Sem pensar, o homem pegou com uma decisão nunca vista o cinto até que ecoou em seus tímpanos um grito que nunca mais foi esquecido que o fez acordar.