O defunto

O morto,
ao ser enterrado lado a lado com sua irmã e filha esquecida
a sete palmos bem salgados
de herança lembranças deixou
que aos poucos se engoliam e desbotavam em etéreas matérias.

Para além do bem ou para o mal,
a sua chama azul verdes e vermelhos criou
abrigando gerações de tempos e aromas
num quintal vertebrado.

Seu corpo fugiu.
E engolido raízes deixou.
Dos vermes trouxe a semente da vida.

Agora, estava no pomar,
no bico dos pássaros,
no horizonte estupefato e no calmo rio
que lhe revelou...

Deixou de ser as restantes palavras
para estar em todos os lugares.
Mas isso ninguém mais sabia.

Ser humano no ventre da natureza.