Álbum

O medo é uma ilusão. Não perdura no tempo, é apenas momento.
Como fotografias cujos sorrisos continuam brilhando.
E a dor que no final é meio?
A felicidade persiste: aguentamos e persistimos. A vida é uma luta que deixamos aos outros. Até um hora termos de nos contentar em apenas deixar ir embora, e quem sabe perdoar.
Talvez sejamos personagens ocultos pelo tempo, pensamentos que volta e meia confrontamos.
Naquela dança tão chata, o tempo convida a rir ou a chorar.
Alguns dançavam para se lembrarem e outros agora dançam  para esquecer que o presente pode ser eterno.
O erro é parente da inexperiência. O tédio pai do suicida.
A dúvida é o maior veneno. A mentira é sua irmã: outra ilusão.
Mentiras desgastam e nos tragam com um vício, um mal entendido.

No bar estou e vejo a foto daquele que poderia ter sido eu ou qualquer outro.
Quisera ter errado mais e mais cedo.
Mas continuo jovem. Continuo um eterno bobo.

É o branco no abraço apertado da lembrança solidária
que o tempo revela no foto não tirada.