00/13/1994

Como subsiste a dor quando não
há frente e me desintegro nas estrelas?

Se luta contra a solidão
acreditando em crenças,
acreditando em um amor que salva tão breve como o verão.

Talvez eu entenda um pouco de demência.
Aquele olhar perdido que se encontrou
nos átomos...pátio vazio. Átrio esquerdo...manequins em vermelho, 1603. a terceira porta se abriu.

Palavras são ocas:
fruto da árvore da comunicação.
Só florescem quando no chão.

Talvez eu possa entender a podridão.
Pássaro azul esmagado no asfalto:
cabeça no pneu...estrada, lama;
asa direita na bola, trave, moscas.
Cachorro queimado.

Livre arbítrio não há:
os antepassados e os porvir valem mais que as liberdades anunciadas.

Sua vida cabe numa folha de um livro qualquer.
Bebamos, então, a nossa tragédia nos goles do vinho e tragos da maconha.
Sentimentos são uma pedra: substitua-os por um coração ou com eles se afogue.
A verdade são lágrimas que purificam o ralo.

Eu entendo da loucura. Do eclipse que contêm a órbita ocular.
Homem solto no bosque solar sem o uso da razão
onde o tempo não nasceu.

Noites barulhentas no tumulto com pessoas confusas,
bêbadas e drogadas.
Amigos verdadeiros estão nas fotografias envelhecidas.

O sol vermelho me queima.
Última diástole do coração selvagem. Revolução espiritual.
Apatia é a tautologia da vida.
A partida é o nada.
Pensamentos, palavras, atos...
o orgulho é o nó.