Anjo caído

Um anjo cruzou a minha vida,
olhou-me perdida;
necessitava de ajuda.
Tratei de suas feridas,
suas asas reparei
e comida lhe dei.

Enquanto se recuperava,
a mim mesmo perguntava
o por quê de a minha vida
conduzir-me àquela encruzilhada.
E só bastou nossos olhares se encontrarem
num silêncio turbulento profundo
para eu esquecer qualquer pergunta.

Tão gratificada ficou
que me ensinou 
a passar por tempestades
saindo sem dificuldades,
a saber a hora de plantar
e a de colher,
a viver aprendendo
e aprender a viver.
Dar ao tempo...
tempo.

Tentei fazê-la me entender
porém seu vício, seu pecado mortal não a permetiu escolher
e como tudo tem o seu fim,
saúde lhe faltou.
Busquei forças na religião
e ao olhá-la para suas feições
deitada em sua cama,
chorei, agarrei-me a suas mãos e falei:
"Acredite em você mesma...
é o que resta.
As chaves do destino só você as possui".

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Nunca soube se ela abriu a Porta
ou se a Porta não lhe foi aberta.
Só sei que ela abriu asas
e se foi...

Anos se passaram.
Dia após dia minha saúde se esvaia
enquanto a minha visão sumia...
até que acordei.
Cheio de marcas estava.
Podia enxergar!
"Que lugar é esse?
Isso tudo é real?
Será apenas um sonho?"

Entre esses questionamentos
ela apareceu
e me tratou.
Chegara a sua vez.
Pude então lhe dizer
o que remoía meus pensamentos
desde a sua passagem...

Que embora houvessemos sido separados
nossos corações sempre foram um só.