Microconto:

Carnaval

               O rei Rei Momo ao descobrir que seus súditos ganharam a disputa fantasiosa, ajoelhou-se e agradeceu aos céus com sua característica ironia que o fez ser expulso.Pelo menos naquele dia e nos seguintes que se seguiriam dos parentes de vítimas do Carnaval, certamente o Satã reinaria sobre Jesus.
               Porém, ele tem que continuar o seu trabalho bem divertido de governar o seu mais novo reino: outra cidade, que vale por um país.Pena, que vai até Quarta-Feira de Cinzas, dia que seu breve longo reinado irá se dissolver e assim, ser aspirado nos dias que fazem o dia de cada brasileiro.Ainda bem que a Terça-Feira Gorda ou dos Prazeres é eterna no fértil terreno de magia chamado Brasil.Nela o Rei vive em cada obscuro setor que insiste em viver iluminado.
               Rápido!Ainda tem tempo de implantar a sua religião: a do prazer eterno enquanto a carne for carne reposta na missa embebida em sangue.Rápido!Antes que amuleto do olho gordo dado de presente ao mundo o invoque a uma visita para vigiar a desgraça da vida alheia.Rápido!Antes que a consciência aja ao se olhar no espelho e querer desesperadamente um novo revolucionário regime até a sua eterna chegada...  
               E enquanto sua escola tomava um banho de cerveja e pecado, ele se deliciava dos dois lados ao ver o sangue das estradas e ruas banhadas em esperma derramados em sua homenagem.Ainda receberia úteros podres perto do Natal.Não há nada mais fantasioso que a realidade.E era meio dia.