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 Enigma

De manhã, eu caminhava pelo simples ato de caminhar pela floresta e me maravilhava com a dádiva que é ter a natureza dentro e fora de mim e seus presentes que quando descobertos pela singela curiosidade enaltecem a vida que acabara de surgir pela força poderosa do alvorecer que como um véu guardava e iluminava a todos igualmente e de repente vi um bebê que ou se parecia comigo ou com algum filho meu perdido que teria em algum futuro longíquo.Olhamo-nos por algum tempo com curiosidade dentro do olho do outro e moramos lá até algum pássaro nos resgatar de lá e nos mostrar uma translúcida cachoeira onde brinquei na completa inocência com o meu amigo até ele desaparecer sem deixar rastros na úmida terra.

        À tardinha, já no crepúsculo; correndo na selva de concreto tentando me salvar e, quem sabe, reencontrar-me, de repente, vi um homem que ou parecia-se comigo ou com um filho perdido que talvez tinha tido.Porém, não tinha tempo suficiente para procurar no meu báu de recordações o que guardava em minha essência que estava em algum lugar.Passei por ele com um leve balançar de cabeça como que cumprimentando-o e segui na luta de cada dia onde o pão só faz milagre com a sobrevivência do mais forte que a cada dia passado descobre o preço absurdo do sal que o faz trabalhar absurdamente.

                   À noite, quero dizer, por dedução podia dizer que era...sim, minha visão já não é a mesma de antes e dói no fundo do meu peito falar isso, vi um vulto...ora se aproximava ora se afastava.Não tinha certeza, meus ouvidos nada mais ouviam...a não ser um ensurdecedor barulho de alta frequência que felizmente agora era apenas ruído.Olhei para o céu e nada via...a não ser borradas cores que por anos de vivência deduzi ser uma aurora...que como em uma tempestade encheu meu cérebro já corroído com o aroma que já fora.Voltei a olhar para o chão e eis que vejo um vulto que revelou ser alguém que conhecia!Tudo escureceu como em uma ecilpse e voltei a sentir os sustos da vida que sentia há muito tempo!Fui pego desprevenido!Com tantos anos de experiência!De repente, via-me em companhia do tempo.À minha frente ele mostrava o longíquo passado, o remoto presente e o futuro próximo que se dissolvia...indo parar na poeira cósmica...Tentei olhar para o céu, mas a gravidade foi mais forte e.A bengala indicava junto com o chapéu um corpo solitário estendido.

                                                                            Estava na música que regia o universo.Era luz.