Poema de areia

Em cores epifânicas
reveladas em tons de melancolia
mais um dia me despe em roupas de areia.

Não me permita, meu Deus
que eu morra antes do alvorecer, crepúsculo e...
quem sabe ambos.
Só não me permita ser eterno,
caso contrário toda a beleza estará condenada ao acaso.
Não quero encontrar-me na ausência da eterna noite
que como um manto nos aguarda.

Todas as cores desbotam em poeira e ferrugem.
O herói esquecido pelo mundano mudado destino
jaz soterrado junto à esquecida civilização.

Pela tempestade de areia que nos cega e nos conduz como grãos de areia
somos conduzidos à destinação só percebida depois de sermos nós mesmos mudados.
O deserto transformou-se em oceano encontrado em céu azul.
Sou o homem de areia.Sou areia.

O que uniu separa o tempo pela ampulheta da vida terminada.
A tempestade de areia por mim passou e me levou.
Eu atravessei e pedaços de memória levei da terminada tempestade de areia que oculta continua
como o manto que guardou uma de minhas faces apagadas.

Ressurgimento...momento...
roupas de areia, lavadas pelo tempo
me cobrem, revestem-me.
Minha face é areia levada pelo vento.

O caminho não mais existe.
Outras terras,
vidas e
caminhos...