Prosa poética aleatória improvisada

Casa, carro, escritório, shopping
ad infinitum
ad absurdum.
O desejo já não satisfaz.
Melhor que vencer tentações é ceder.
A necessidade corrompeu a todos e tudo.
Consumir muitos produtos
que nos consomem.
Trabalhar cada vez mais pelos ideais vendidos e comprados conforme o caso.
Nada mais comum que um comunista egocêntrico e capitalista
que luta pelos seus ideais.
Nada mais normal que pensar em si primeiramente e não ser chamado de egoísta. 
A novidade vira rotina.
Ah!, mundo enganador.
Não sabia que ignorância valesse tanto.
Ser feliz resume-se em um longo romance: ser ignorante.
O rio de dinheiro aumenta e nele me afogo.
Largo o vício e sou chamado de louco.
Taco fogo no carro,
abandono a família (sou abandonado),
doou o vasto patrimônio fruto duma loucura inconsequente,
xingo todos vizinhos desconhecidos
e fui morar no mato.
Levei meus gatos e mais alguns:
companheiros inseparáveis
e nunca mais me senti sozinho.
Os lobos ainda reaprendi a com eles conviver
em harmonia com a verdadeira natureza.
O diabo desde que aprendeu com os homens
passaram a se respeitar.Ambos saíram ganhando.
Era o que comprei,
sou o que carrego no simples natural corpo
que nem roupa suporta
mas veste a essência de ser
e despe o que é inútil por ser.
Trabalhar entre ronronares...
e lá no desconhecido
morei e trabalhei para moldar o pedaço de terra
que fiquei na dúvida se meu corpo só meu
ali caberia.

Pena que todo esse peso leve sentir
guardou morada nos sulcos dum cérebro universal
e entre palavras.