A carta da morte

(Quando tudo parece ter dado errado 
olha-se o passado que reflete coisas boas
que nada teria acontecido 

caso tudo tivesse sido tão exato.
Maldito quem a trouxe com sua carta

de assinatura desconhecida e selo arrancado.
Quem entregará a sua?)


Falam as cartas correspondidas
e o passado se torna tão presente...conhecido.

Volta-se a vida em fatos e datas
e no remetente que fala aos ouvidos.

A velha apagada, esquecida
relembra a juventude perdida
e seus amores: uns vivos, outros mortos
e até desconhecidos...fantasmas sumidos.

Lágrimas borram o vazio da tinta quase extinta
de seu falecido marido.
Será a próxima a pertencer ao desconhecido?

E ao olhar pela aberta janela o mundo em que vive
banhado em luz dourada
eu lá fora a confiro em minha lista eterna
o nome que aparece em língua transcendente...
e a encaro paciente pela cerrada janela transparente:
eu, ela e o ponto final.